terça-feira, 2 de agosto de 2011

Não sou bom demais para viver o cristianismo ou ruim demais para precisar dele.

Na frase acima estão duas concepções interessantes, contraditórias e equivocadas. Ambas estão presentes na atmosfera religiosa, na qual estamos originalmente mergulhados.
Não ser bom demais para viver o cristianismo tipifica a idéia de exigência de uma espécie de bondade mínima ou maldade máxima para ser recebido por Deus. Esta concepção tem fundamentos na meritocracia humana, que por sua existência invalida a justificação pela graça. Em nossa Confissão de Fé afirmamos que “esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo”. Não há, nos mais santos que sobre terra vivem ou viveram, exceto Jesus Cristo, sombra de perfeição.
Não ser ruim demais para precisar dele reflete a criação ilusória de que exista um grupo que precisa e outro que não precisa de Deus e o critério definidor seria a bondade.  Esta interpretação leva a crer que pessoas boas não precisam desenvolver um relacionamento com Deus por estarem inseridas em um patamar diferenciado dos demais. Ledo engano. O que nos leva à presença de Deus e a alegria de vivermos o cristianismo é a bondade de Cristo e sua obra perfeita na cruz do calvário. A bondade humana não existe por si própria. Ela é um reflexo da bondade de Deus. O Senhor, que é bom, permite que sua bondade seja desfrutada pelos que se consideram ou não bons. Graças a Deus que o critério não é nosso, mas do Senhor.
A síntese de Paulo impressiona: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” – II Coríntios 19 e 21 . O mesmo Paulo escreve a Tito: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” – Tito 3. 5 a 7.

                Apesar de nós, e somente por meio de Cristo, desfrutamos da indizível alegria do evangelho. Aliás, quanto mais perto da cruz de Cristo mais facilmente percebemos quem somos. Os que se consideram bons demais descobrem o que se encontra escondido nas catacumbas do nosso ser. Os que se consideram ruins deparam-se com a bondade desmedida de Deus. Ambos, embora opostos, sentem-se na mesma situação: amados e envolvidos na bondade extrema, condicional e incomparável de Deus.

Um abração,
Pastor Jr. Vargas






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