quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O perigo do "igrejismo".


 

Mateus 16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.

 

                Uma recente pesquisa aponta um número impressionante de evangélicos nominais. Um termo antigo, mas que era anteriormente somente aplicado ao catolicismo, faz agora parte do universo de milhares de pessoas que passaram a ter uma relação pontual com a Igreja. Estes frequentam a comunidade no máximo uma vez por mês, em alguns casos passam meses e até anos sem fazer parte de um culto, mas fazem questão de casar e batizar seus filhos seguindo a tradição cristã.

                Numa outra linha estão os que sofrem de “igrejismo”. Defino este grupo como aqueles que aderiram ao movimento religioso, à comunidade, a um grupo dentro do grupo, ao líder, a amigos, mas jamais tiveram um encontro real e verdadeiro com Jesus. Evidências desta enfermidade estão em uma ausência de intimidade com Deus, de leitura bíblica, de vida de oração e desejo de servir. O “igrejista” está presente em diversas atividades e pensa que isso basta para assegurar uma vida espiritual saudável. Há uma confusão de bem estar com alegria do Senhor. Para este, o teto da vida espiritual é a igreja, não o Senhor da Igreja.

                O combate ao “igrejismo” deve ser feito veementemente. Tudo começa numa análise séria, profunda e pessoal. Cada um precisa avaliar a sua relação com Deus e com a Igreja. Enquanto os evangélicos nominais vão aos cultos ocasionalmente e os “igrejistas” são mais frequentes, um e outro são sem conteúdo e a fragilidade espiritual se revela nas horas de crise.

                Vamos ao ponto: a assiduidade aos cultos é privilégio e responsabilidade de cada cristão nascido de novo. É uma honra cultuar a Deus e celebrar com alegria em sua presença. A Igreja foi instituída por Jesus e desde os primeiros cristãos há reuniões regulares dominicais, o dia da ressurreição do Senhor. Enquanto evangélicos nominais têm seus nomes nos róis de membros, mas não tem uma relação de intimidade com a comunidade, os cristãos tem prazer em frequentar as reuniões e vão com o propósito central de oferecer a Deus um culto, junto a outros que passaram pela mesma experiência transformadora. Se os “igrejistas” são frequentes aos cultos, falta a eles levar os cultos para a casa, ou seja, viver uma vida cristã também fora do ambiente eclesiástico. Este assunto é longo, mas quero apenas provocar uma reflexão sobre o assunto de seguir a Jesus. Alguns seguem a cultura religiosa, outros seguem pessoas ou grupos, mas o cristianismo prevê que Jesus seja seguido. Em conversa com seus primeiros seguidores, no texto de Mateus 16.24, o Mestre afirma: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Ao contrastar este texto com nominais e “igrejistas” fica estabelecida uma distância. O fato é, pela graça de Deus, que somos convidados pelo Senhor para uma caminhada séria, responsável e coerente, com Jesus, na simplicidade proposta pelo evangelho. Vamos seguir o Mestre!

segunda-feira, 30 de abril de 2012


O amor e o próximo.

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” Lucas 10:27

A essência do “amor ao próximo” está significada de forma simples e objetiva na identificação do “que” e do “a quem”. O amor, o “que”, é visto na Bíblia como uma entrega integral. Longe da ideia romântica que atribuiu ser o amor um sinônimo de sentimento, a Palavra nos revela o amor como uma atitude. Em Mateus 5.44 lemos: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”. O jeito cristão de entender o amor fica explícito quando o assunto é amar um inimigo. Não há música lenta capaz de amenizar a dificuldade natural de amar a alguém que nos faz mal, persegue, irrita, cria armadilhas e ciladas para nos prejudicar. O natural é não amar os nossos inimigos. O sobrenatural, que não acontece sem a ajuda do Espírito Santo, é, apesar de todas as coisas, resolver amar um inimigo. Portanto, o amor não depende do ofensor, do que me maltrata, assim como independe da ofensa. O amor vence os dois obstáculos, apesar de caríssimos.  

A segunda parte é a definição de “próximo”. Nos dias de Jesus, um Doutor da Lei fez uma importante pergunta: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Infelizmente, a intenção não era pura, mas intentava pegar o Mestre em alguma falta para argumentar contrariamente. Cristo devolveu a ele a pergunta: “E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás”. Percebendo que seu objetivo, de criar dificuldades a Cristo, não havia logrado êxito, em Lucas 10.19, o religioso assim reage: “Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?” A resposta foi a Parábola do Samaritano, texto que mostra o amor vivenciado e a definição de quem é o próximo. Ao final, a fim de que não pairasse dúvidas, no verso 37, o religioso responde a sua própria pergunta, agora feita por Jesus: “E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.”

Na dúvida do religioso há uma prática habitual. A definição de “próximo” pode ser bem diferente quando o ponto de vista sou eu, e não o outro. Elegemos pessoas ou causas e as colocamos no patamar do nosso “próximo”. Em geral é algo que nos faz bem, que produz uma sensação boa, de dever cumprido. Para outros é um exercício desenfreado para amenizar uma culpa e até uma tentativa frustrada de adquirir benefícios espirituais. O médico suíço Albert Schweitzer, que dedicou sua vida ao próximo, disse: “a ideia chave do bem consiste em conservar a vida, desenvolvê-la e elevá-la ao mais alto valor; o mal consiste em destruir a vida, prejudicá-la e impedir que se desenvolva plenamente; este é o princípio necessário, universal e absoluto da ética”. Em outra ocasião ele afirmou: ”o que precisamos não é de missionários que queiram converter os africanos (onde ele viveu cuidando dos hansenianos), mas de pessoas dispostas a fazer aos pobres o que deve ser feito, se é que o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuem algum valor. Minha vida não está nem na arte nem na ciência mas em ser um simples ser humano que no espírito de Jesus faz algo por insignificante que seja”.

O caminho é este. O cristianismo nos desafia a viver intensamente o amor e o próximo, sem buscar os holofotes, mas tudo fazendo para a glória de Deus.

Jr Vargas